29 abril 2017

Existencial



Não sei quem sou
Pois não sou flor
Nem o vaso de sua morada
Ou a terra adubada onde deitam suas raízes
Queria ser tempestade
Com sua força destrutiva e ao mesmo tempo reparadora
Onde seus ventos varrem folhas mortas e vivas,
Desnudando, ceifando, preparando o solo fértil
Ou o temporal que velozmente agulha, fere e abre caminho.
Mas nem mesmo a leve brisa sou agora.
Aquele caminho tranquilo
Envolto de frescor lilases ou outonais
Aquela trilha tortuosa que sobe e desce margeando abismos; não.
Não sou.
Serei o precipício? Mar revolto? Não sei...
Não, não sou, não sei.

Por hoje eu sou alcatrão.