14 agosto 2009

Calice de Orações

Na abadia abandonada

onde o vento percorre ruínas
feito as orações que
outrora ouviam-se
guardadas na memória de suas paredes,
perdidas entre as rachaduras
do piso carcomido pelo tempo
Lamúrias e bençãos a muito esquecidas
erguem-se em prece, em conjunto
as brumas que se formam
em todo anoitecer
em cada amanhecer.
Repousam sem descanso
as almas que habitam
antigas celas,já sem grades
presas nos grilhões
impostos pela dualidade de suas hipocrisias.
E no uivar do lobo cinzento do alto da colina
no pio da albina coruja
que com seus olhos tudo veem
no voo do falcão em mergulho no abismo
em busca de alimento...
desperta o vazio amargo da solidão
ancorada nas névoas
de uma historia apagada de uma vida dissimulada.