12 setembro 2006

Panico

Tenho medo das palavras
medo de ser mal interpretada
Tenho medo da censura velada dos seus olhos
que me castigam pelo que não compreende
Tenho medo de ficar só
medo da solidão em plena multidão
que me engole sem piedade
Tenho medo de gostar de você
que me seduz, para então me abandonar
Tenho medo do escuro
que me envolve nas sombras sufocando meu grito
Tenho medo da luz
que abraça meus sentidos ofuscando o raciocínio
Tenho medo da dor
dor que me corroí as entranhas quando você vai embora
Tenho medo do tempo
implacável, não para, não me deixa descansar
Tenho medo de não ter voz
ter que me calar para não perder a dignidade
Medo da emoção
que tira de mim a dimensão dos sentidos
Tenho medo da chuva
água que lava a alma, purificando...livrando-a dos pecados
Tenho medo de pecar
e não encontrar absolvição
Tenho medo do meu teto
frágil...quebra como cristal, me deixando sem morada
Tenho medo de perder o fôlego
de ficar sem ar e não conseguir respirar
Medo da imobilidade das pedras
obstáculos no meu caminho
Tenho medo da agulha que me perfura a carne injetando a inconsciência...medo do que possa revelar
Tenho medo de me perder
de não encontrar o rumo que me salvara dos atos inconsequentes
Tenho medo de me encontrar
e não me reconhecer...só achar você
Medo de não mais existir
tenho medo da morte onde não terei mais palavras para temer
Tenho medo de ter medo
de não ter coragem de enfrentar os desafios da vida tão sofrida
Tenho medo da vitoria
medo de que ela não tenha o sabor prometido enquanto não conquistada
Tenho medo do lago
que circunda minha fortaleza
tão profundo abismo que impede aproximações
Tenho medo de tentar e não conseguir
Tenho medo de voar
medo de deixar a mente solta livre de conceitos pré concebidos
Medo de me entregar aos sonhos...
ilusões que me levam longe do mundo que não me quer.


Mahare - 02/06/05