28 setembro 2006

Meus Caminhos

Ruas largas por onde passo
Me levam a nenhum lugar
Não sei para onde seguir
Me perco nas avenidas
Transito letal
Imensas faixas sem garantias
Ruas sem saídas
Barreiras que terei que transpor
Quem sabe conseguirei chegar ao lugar que nem sei existir?
Ruas estreitas por onde caminho
Sem rumo
A nada cheguei por elas
Vielas...
Labirintos...
Esconderijos...
Pedestres sem face
Ignoram meu pedido de socorro
Ruas largas...sem saída...estreitas...
Onde estará a porta escondida?
Encontrarei ela alem do jardim abandonado cheio de ervas daninhas?
Nas ruas escuras choro sozinha
Nas ruas, desamparada eu imploro
Pelas ruas eu sigo descalça...


Mahare - 14/07/05


27 setembro 2006

Dragões Cegos

Menina inocente.
Menino ingênuo.
Deliciosamente perverso, esse relacionamento ilícito
Provoca inveja, solta faíscas.
Peles alvas na noite escura, sinalizam intensa paixão.
Perversamente sexy, sem o pudor do véu para lhe cobrir
Se oferece obscuro.
Serpente enfraquecida, sucumbe no oásis diáfano da embriagues.
Ilicitamente provocante, os amantes se devoram
Se entregam ao ópio da volúpia.
Ela Sucubus...
Ele Vampiro...
Tão profanos, puramente sagrados!

Mahare - 15/03/2006

25 setembro 2006

Versos

Um beijo cala-te teus temores
Em teus longos cabelos escorrem
Todos aqueles horrores
Uma caricia , teus desejos
No teu seio ecoa a dor
Explosão ...levou-te longe
Harmônicas curvas
Guarda tuas lembranças
Navalhando sentimentos


Mahare - 07/1993

19 setembro 2006

Solidão

Somente a chama de uma vela ilumina sua morada final
Na sombra da noite implora por sua presença
Muros cercam as arvores que se erguem pelo pátio
Formando labirintos intransponíveis
Difícil acesso ao seu recanto tétrico
O céu sem luar , um manto, cobrindo seu corpo
Deitada na relva, espera inutilmente
Solitária, tem ao seu lado só utópica ilusão
Sua alma perdida clama por toda eternidade à elevação
Antigas profecias devastando impérios esquecidos
Privações impostas...
...impetradas pelo algoz, no cárcere de seu descanso.

Mahare - 28/04/05

18 setembro 2006

Vendas

Nas trevas sombrias
O fascínio de teu olhar violeta...
Incandescência violência
Mórbido desejo fomenta indagações
Com a certeza da razão
Iludido pela miragem
Esgota sua essência
O sacrifício de sua vida foi em vão...


Mahare 08/93

16 setembro 2006

Doce entrega

Aos cuidados de Morfeu
Abandona-se na entrega
Num segundo atravessa continentes
Livrando-se dos grilhões da consciência
Abrigada pela caverna, esconde sua insegurança
Deixando-se levar por trilhas desconhecidas
Confiando ao guia seus passos...sua vida...sua morte.
Tênue linha separando sua alma da matéria
Claustrofóbica treva, revestindo as paredes
Só o verde dos olhos iluminando
Espada flamejante guardando a entrada
Na espera do convite para entrar
Anjo negro que confunde
Controlando a distancia a velocidade da corrente sanguínea
Elevando o nível da adrenalina
Justificando as convulsões
No reino onírico dos sonhos
Ninguém vigiando, somente eles dois
Ela e seu guia...carrasco, perverso ,sedutor.


Mahare 04/2005

12 setembro 2006

Panico

Tenho medo das palavras
medo de ser mal interpretada
Tenho medo da censura velada dos seus olhos
que me castigam pelo que não compreende
Tenho medo de ficar só
medo da solidão em plena multidão
que me engole sem piedade
Tenho medo de gostar de você
que me seduz, para então me abandonar
Tenho medo do escuro
que me envolve nas sombras sufocando meu grito
Tenho medo da luz
que abraça meus sentidos ofuscando o raciocínio
Tenho medo da dor
dor que me corroí as entranhas quando você vai embora
Tenho medo do tempo
implacável, não para, não me deixa descansar
Tenho medo de não ter voz
ter que me calar para não perder a dignidade
Medo da emoção
que tira de mim a dimensão dos sentidos
Tenho medo da chuva
água que lava a alma, purificando...livrando-a dos pecados
Tenho medo de pecar
e não encontrar absolvição
Tenho medo do meu teto
frágil...quebra como cristal, me deixando sem morada
Tenho medo de perder o fôlego
de ficar sem ar e não conseguir respirar
Medo da imobilidade das pedras
obstáculos no meu caminho
Tenho medo da agulha que me perfura a carne injetando a inconsciência...medo do que possa revelar
Tenho medo de me perder
de não encontrar o rumo que me salvara dos atos inconsequentes
Tenho medo de me encontrar
e não me reconhecer...só achar você
Medo de não mais existir
tenho medo da morte onde não terei mais palavras para temer
Tenho medo de ter medo
de não ter coragem de enfrentar os desafios da vida tão sofrida
Tenho medo da vitoria
medo de que ela não tenha o sabor prometido enquanto não conquistada
Tenho medo do lago
que circunda minha fortaleza
tão profundo abismo que impede aproximações
Tenho medo de tentar e não conseguir
Tenho medo de voar
medo de deixar a mente solta livre de conceitos pré concebidos
Medo de me entregar aos sonhos...
ilusões que me levam longe do mundo que não me quer.


Mahare - 02/06/05

07 setembro 2006

Sou...

Sou feliz, ao nascer do sol tenho meu sorriso iluminado
As nove choro pela cena do comercial...inconsolável
Logo em seguida sou fúria
Ira sem motivos
Agora sou toda amor, envolvo em meus braços o mundo desprotegido
Sou lunar
A menina, a filha,
Mãe, mulher,
Sou deusa, sou feiticeira, lâmia...ardente noturna
Tão volúvel te odeio te quero
O fel, o mel, o cálice
Ronronando entre lençóis, movendo-me graciosamente
Todos meus humores não te assustam
Minha lua negra só você conhece
Esculpida em gelo, derreterei ao seu toque
Que drama
Sou terra
Sou fogo
Ar
Água
Cria de Lilith
A tempestade numa tarde abafada
Enebriada com seu cheiro sou pecadora
Você é tentação
Decotes que escondem tão suaves contornos
Não existe amanhã, nem ontem...
...tudo é hoje eterno
Membros me envolvem com olhos verdes, negros, azuis, castanhos
Sou toda poesia descortinando os véus que cobrem pudores
Sou toda mulher, tão menina...obscena
Sou pura, inocente de qualquer crime
Não conheço malícia
O sabor de teus lábios que ainda não provei
Sou a maçã, tão doce fruto que te alimentará
Quem tem fome sou eu
A dor, a cura, sou a insônia, o acalanto
Sacerdotisa sou sábia, ninfa sou fútil
Sou infantil, a pirralha mal comportada
Tão obediente, serena
Sou adulta, madura que com erros aprende,
mas não deixa de comete-los
Sou rio perene para te banhar
A espada que protege
O enigma para decifrar
Sou rua esburacada, vem preencher minhas lacunas
Sou a teia prateada a te prender
Sou doce, tranquila
O chicote é só fetiche, não tema
Sou abismo profundo, no qual deve mergulhar
Águas rasas, seguras, deve confiar
Sou dominadora
Ciumenta não quero dividir
Você eu quero só para mim
Sou delicada flor, exalando perfumes
Pereço ao ser extraída sem cuidados
Sou como a maré
A lua é quem me governa, sou lunar...


Mahare – 06/05/05

06 setembro 2006

Daemon

Esquivo ... lascivo...
Provoca, atiça , se esconde
Brinca...
Caçando ...encantando
Sedutor, senhor absoluto de seus troféus
Desfaz-se em brumas ao toque das mãos
Voluntarioso abomina rédeas
Dominador quer segredos
Intimidades reveladas
Violando inocência , alimenta seu ego
Saboreando a cada nova safra
Enaltecendo sua imagem


Mahare 04/2005

05 setembro 2006

Cinzas


Sinto meu corpo se desfazendo
A matéria que não quer se reagrupar
Aos poucos vou sumindo
Do alto vejo aquele vaso que já habitei
Um casco oco sem vida...



Sinto a razão me abandonando
Ilusões preenchem locais antes ocupados pela consciência
Aos poucos vou enlouquecendo
De um canto escondido vejo tudo ...
A insanidade é a dona absoluta!



Sinto meu coração pulsando,
Pulsando morosamente, querendo parar.
O sangue, um champanhe borbulhante,
Percorre lentamente, congelando suavemente
cada veia, cada artéria, toda matéria...



Sinto meus ossos queimando,
Ardendo no inferno contaminado
Virando cinzas, que o vento faz voar!
Eu vejo a boca que sopra pensando curar feridas...



Jogaram fora as chaves que trancafiam minha cela.




Mahare - 29/08/05

03 setembro 2006

Sagrado


Profana meu templo
Faz jorrar lagrima carmim
Apunhala meu corpo no altar desfeito
Rasga todos os pudores...hábitos fechados ,já enraizados
Liberto de pecados
Nas trevas do universo , devora minha alma
Abusa da imagem sedutora
Esconde-se nas sombras
Corroendo a sanidade que ainda resta
Desperta a libido, desejos dormentes, dolorosa vontade
Sofro , soluço por querer sua invasão
Vulgar...
Idolatro o sangue que arde no fogo do seu inferno
Sugando sabores serpenteando no espasmo do êxtase supremo
Nos seus lábios , imagino o sarcasmo, onde vibra o erotismo
Suplico em vão...
A estaca já esta em meu coração.
Vem...

Mahare 15/03/2005